quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

"Você ouve Olavo"

    Certas coisas marcam nossa vida, de certa forma, aquelas que em alto e bom som são ditas, com a intenção de inferiorizar-nos, são as que mais nos causam risadas e até magoas. Passei algum tempo pensando e revendo algumas das situações mais ridículas que já aconteceram e por mais ridículo que pareca, todas elas se referem a meu professor de filosofia, o grandioso Olavo de Carvalho. Não fui iniciada por ele na vida intelectual, como muitos acreditam, inclusive que até comecei a fumar por causa dele. Fui apresentada a diversos nomes da filosofia, história e ciência politica pelo Luis Vilar (a quem já entrevistei aqui) e pelo Sr. José Carlos Sepúlveda. Antes, era somente uma militante bolsonete. Eu mesma tinha um preconceito quase do tamanho da minha burrice ao falar de Olavo, cheia daqueles rótulos, daquelas "ressalvas", feitas sempre por quem não me queria ver progredir. Falava de boca cheia ao Raul: "ele ataca tal pessoa", "ele ataca tal pensamento", "ele ataca a religião que diz seguir" sem saber porra nenhuma do que ele ensinava a fundo, vendo publicações sem nem mesmo entender que elas tinham sequência. Era cheia das "opiniões", mesmo tendo assistido uma quantia considerável de videos dele, até o dia que fui ver O Jardim das Aflições, de Josias Teófilo, sobre a vida/filosofia de Olavo. Foi exatamente no dia 27 de junho de 2017 que o mundo voltou a girar. 
    Se Josias fizesse um seriado sobre a vida do Olavo, eu ainda acharia pouco demais para passar horas debruçada assistindo. Se eu for contar a quantidade de vezes que assisti o filme, acredito que já passou de doze, as vezes duas ou três vezes consecutivas pensando que perdi algum detalhe, alguma música, alguma referência, alguma linha de pensamento, alguma história. Logo que assisti a primeira vez, fui correndo buscar a trilha sonora de Guto Brinholi e as sinfonias de Jean Sibelius, sai pesquisando por todos os lados as referências feitas para que pudesse entender esse (desculpa) DESGRAÇADO MARAVILHOSO do qual eu jamais pude imaginar ser hoje aluna, de maneira que precisasse me despir e me desculpar por opiniões extremamente ridículas
  No final do ano passado ganhei de presente um mês de aula para ver como era e fiz igual disse que faria: INVERNEI assistindo aulas, fazendo exercícios, lendo dezenas de livros - que antes tinha adquirido preguiça em fazer, junto a correria da militância. Em duas semanas comi o máximo de Aristóteles, Platão e Sócrates numa busca desgraçada por conhecimento. Assistindo e re-assistindo, as vezes duas ou três vezes as aulas para entender nos mínimos detalhes, até que ao chegar na aula doze, aconteceu minha primeira aula ao vivo. Eu até pensei em não assisti-la para não dar aquela ansiedade e não pular nenhuma aula, mas vi que dava para fazer perguntas e era uma chance de tirar algumas dúvidas. As outras eu ia anotando e ele de maneira clara foi retirando-as uma a uma e ao decorrer das pesquisas também foram sumindo. Não. Eu não consegui fazer pergunta nenhuma. Ao terminar de ouvir, parecia que ele havia sido tão claro, quanto nenhum professor jamais fora, que eu não conseguia formular nada, apenas senti vontade de re-assistir para poder anotar todas as coisas e buscar por suas fontes citadas. 
    Mais um mês pago, agora para jamais parar. Me sentindo envergonhada por não ter começado antes, por ter perdido tanto tempo com porcarias aleatórias. E hoje eu digo que existe um a.O/d.O (antes de Olavo, depois de Olavo) e pergunto aos hipócritas cheios de si (ou melhor dizendo: vazios): QUEM É VOCÊ? Não no sentido pueril que você sempre pensa e se apresenta. Não no sentido característico, a quem você quer adjetivar. Não o que você faz, nem como você se porta. QUEM É VOCÊ? E além disso: o que você faz para alcançar seu objetivo? E mais além: o que você quer ser quando você morrer? Hoje eu sei quem eu sou e eu tenho outra certeza além disso: eu quero (e vou) me esforçar para orgulhar quem abriu as portas do pensamento, quem abriu o caminho para a descoberta, para a realidade, para quem eu sou. Eu amo aqueles que me iniciaram, mas jamais terei como agradecer o professor que me aprofundou e me sufocou de mim até me fazer acordar.
     

- E bem menos importante, a merecer somente uma notinha abaixo desse texto direcionado ao melhor professor que existe: aos que falam "você ouve Olavo" com um tom de superioridade, aos que dizem saber de tudo mas não sabem porra nenhuma, aos que se contentam assistindo séries insignificantes e tem pensamentos medíocres e não fazem nem o mínimo, como ensinou Olavo de Carvalho: VÃO TOMAR NO CU


Nenhum comentário:

Postar um comentário