sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

"Nos deparamos todos os dias com pessoas que aderem movimentos por pura levada social."

contra o modismo, progressismo e fundamentalismo

Quantas vezes ouvi que "não precisamos nos aprofundar em nada"¹, "é preciso saber tudo um pouco"², "a experiência nos faz sábios"³ e argumentos sofistas que nos cansam os ouvidos e olhos? Ora, ainda bem que ainda existe a literatura para nos ensinar e nos levar a verdade. 
Deixo abaixo, aos conservadores de rede social, de conduta dissociada ao que pronuncia uma série de recomendações.
(Não, eu não conseguiria dizer que mesmo lendo, alguns uma vez, outros cinco, qual eu acho o mais importante, na minha visão. Aliás, nem saberia dizer se estou pronta para comenta-los, tendo em vista ainda a minha incapacidade de projetar meus pontos de vista em relação aos livros.) 

Pelo simples fato de mostrar o quanto é importante pensar de todas as maneiras possíveis, começarei pelo que mais gosto.
  • 1. Aristóteles - A república
Sócrates — "Portanto, estando o filósofo em cantata com
o que é sagrado e sujeito à ordem, ele mesmo toma-se ordenado
e sagrado, dentro do limite permitida pela natureza humana,
a que não evita que, com frequência, a multidão o julgue de
forma injusta."
Adimanto — "Com certeza."
Sócrates — "Quer dizer que, se uma necessidade o obrigasse
a tentar introduzir nos costumes públicos e privados o que ele
considera mais elevado, em vez de se limitar a modelar o seu
próprio caráter, julgas que seria um mau mestre da moderação,
da justiça e de todas as outras virtudes civis?"
Adimanto — "De jeito nenhum"

  • 2. Russel Kirk 
Em "The Politics of Prudence", Kirk enumera dez princípios do conservadorismo. 

1. O conservador acredita na existência de uma ordem moral perene.
2. O conservador adere ao costume, às convenções e à continuidade.
3. Conservadores acreditam no que pode ser chamado princípio da prescrição.
4. Conservadores são guiados por seu princípio de prudência.
5. Conservadores prestam atenção ao princípio da diversidade.
6. Conservadores são refreados por seu princípio de imperfectibilidade.
7. Conservadores estão persuadidos de que propriedade e liberdade estão intimamente vinculadas.
8. Conservadores apoiam a associação voluntária, tanto quanto se opõem ao coletivismo involuntário.
9. O conservador compreende a necessidade de restrição prudente sobre o poder e sobre as paixões humanas.
10. O pensador conservador entende que permanência e mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas numa sociedade vigorosa.

  • 3. J.C Lewis 
Cristianismo puro e simples. Um dos propulsores do que hoje procuro incansavelmente. 

"O problema real da vida cristã aparece onde as pessoas normalmente não o procuram. Ele aparece no instante em que você acorda cada manhã. Todos os desejos e esperanças para o dia correm para você como animais selvagens. E a primeira tarefa de cada manhã consiste simplesmente em empurra-los todos para traz; em dar ouvidos a outra voz, tomando aquele outro ponto de vista, deixando aquela outra vida mais ampla, mais forte e mais calma entrar como uma brisa. E assim por diante, todos os dias. Mantendo distância de todas as inquietações e de todos os aborrecimentos naturais, protegendo-se do vento.
No começo, somos capazes de fazê-lo somente por alguns momentos. Mas então o novo tipo de vida estará se propagando por todo o nosso ser, porque então estamos deixando Cristo trabalhar em nós no lugar certo. (...) 
Quando Cristo disse “sede perfeitos”, quis dizer isso mesmo. Ele quis dizer que temos que entrar no tratamento completo. Pode ser duro para um ovo se transformar em um pássaro; seria uma visão deveras divertida, e muito mais difícil, tentar voar enquanto ainda se é um ovo. Hoje nós somos como ovos. Mas você não pode se contentar em ser um ovo comum, ainda que decente. Ou sua casca se rompe ou você apodrecerá."

  • 4. Olavo de Carvalho
Eu o odiei por alguns meses até que assisti O Jardim das Aflições. Hoje, talvez, esse seja um dos livros que eu mais li e é com certeza o filme que mais assisti.

"A coisa que mais impressiona o estudioso do assunto é a onipresença da manipulação, da mente na vida contemporânea. Sem ela, os grandes movimentos de massa que marcam a história do século simplesmente não teriam podido existir. É impossível imaginar o que teria sido da propaganda comunista sem reflexos condicionados e sem a lavagem cerebral inventada pelos chineses; o que teria sido do fascismo e do nazismo sem a técnica da estimulação contraditória com que esses movimentos desorganizavam a sociedade civil; como teriam desenrolado os dois conflitos mundiais e dezenas de conflitos locais e revoluções sem o uso maciço da guerra psicológica; o que teria sido dos governantes ocidentais e dos grandes empreendimentos capitalistas sem o controle imaginário de e a "modificação de comportamento" que exercem sobre populações que não têm disto a menor suspeita; que fim teriam levado as organizações esotéricas e pseudo-esotéricas e o movimento da new age sem as técnicas de hipnose instantânea e comunicação subconsciente com que reduzem à escravidão mental de discípulos em todo mundo..."
  • 5. Edmund Burke 
"Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco."

Deixando o seco, imperativo estilo de um ato de parlamento, ele faz os lordes e comuns caírem em uma pia, legislativa ejaculação, e declarar, que eles consideram "como uma maravilhosa providência, e piedosa bondade de Deus a esta nação, preservar suas ditas majestades pessoas reais, mais felizmente a reinar sobre nós no trono de seus antepassados, pelo que, do fundo de seus corações, eles retornam seus mais humildes agradecimentos e louvores."---A legislatura claramente tinha em vista o ato de reconhecimento do primeiro de Rainha Elizabeth, Cap. 3.o, e daquele de James o Primeiro, Cap. 1.o, ambos atos fortemente declaratórios da natureza herdável da coroa; e em muitas partes eles seguem, com uma quase literal precisão, as palavras e até a forma de agradecimento, que se encontra nesses velhos estatutos declaratórios.
  • 6. Roger Scruton 
Como ser um conservador, será um livro que lerei novamente, pelo simples fato de que quando li, não consegui absorver tudo e não tinha muito domínio. 

"Vivemos em grandes sociedades e dependemos, de milhares de maneiras, das ações e dos desejos de desconhecidos. Estamos ligados a esses desconhecidos pela cidadania, pela lei, pela nacionalidade e pela vizinhança. Tais vínculos entre nós não são, sozinhos, suficientes para solucionar o grande problema que compartilhamos, o problema da coordenação. Como podemos seguir com nossas vidas em relativa harmonia, desfrutar de um ambiente de liberdade e buscar nossos objetivos por conta própria? Em A riqueza das nações, Adam Smith argumenta que o interesse individual pode resolver esse problema. Instituídos uma economia livre e um estado de direito imparcial, o interesse individual conduz a uma distribuição ótima dos recursos. Smith não considera a liberdade econômica a essência da política nem acreditava que o interesse individual era o único motivo, nem mesmo o mais importante, que comandava o nosso comportamento econômico. Um mercado pode fazer a alocação racional dos bens e serviços somente onde há confiança entre os integrantes, e a confiança só existe onde as pessoas assumem a responsabilidade por seus atos e se tornam responsáveis por aqueles com quem negociam. Em outras palavras, a ordem econômica depende de uma ordem moral"



¹. Imagina viver superficialmente em/de tudo?
². Talvez esse seja o pior dos argumentos. Quem sabe de tudo um pouco, não sabe nada de porra nenhuma. 
³. Se experiência, e somente ela, trouxesse-nos sabedoria, talvez Lula teria aprendido a ser bom caráter

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